Catalina Gomez, Coordenadora da Rede em São Paulo
O Tietê é o rio mais importante do Estado de São Paulo. Com 1100 km, ele atravessa praticamente todo o estado de leste a oeste. O rio é particularmente importante para a cidade de São Paulo sendo que ele marca sua geografia urbana. Infelizmente o rio se encontra bastante poluído, devido a anos de descuido, principalmente na Região Metropolitana São Paulo que tem um total de 37 municípios e 20 milhões de moradores. O processo de degradação do rio começou na década de 1920 com a construção de algumas obras de infraestrutura na capital. A poluição industrial e esgotos domésticos tem origem principalmente no processo de expansão urbana ocorrido entre as décadas de 1940 e 1970.
A poluição do rio continua devido principalmente às indústrias que ainda lançam no rio materiais inorgânicos, tais como metais e produtos químicos resultantes de processos industriais. Mais atualmente o maior poluente do rio é o esgoto doméstico. Por isso o foco das intervenções de despoluição do Tietê estão focadas na ampliação da rede de tratamento de esgotos para a população que mora em torno do rio. E aquelas intervenções tem apresentado melhoras importantes: Em 1990, apenas 24 por cento do esgoto em São Paulo era tratado. Hoje, é 68 por cento. Em duas décadas a extensão da faixa de rio completamente poluído diminuiu mais de 200 quilômetros e a agua tratada aumentou de 1992 até 2007 de 4.5 m3/s para 13 m3/s, equivalente ao tratamento de esgoto de mais de 5 milhões de pessoas.
Mais estas melhoras significativas tem um preço. A partir de 1992, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), empresa encarregada da execução do projeto de despoluição do Tietê, tem recebido do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mais de US$1,2 bilhão no apoio das primeiras três fases do projeto de um total de quatro. Atualmente a terceira fase está em execução; além do BID, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tem assinado recentemente um contrato de financiamento de US$600 milhões para apoiar a terceira fase do projeto de despoluição do rio Tietê.
Na presente etapa serão construídos aproximadamente 420 quilômetros de coletores e interceptores, 1251 quilômetros de redes coletoras e serão realizadas 200 mil ligações domiciliares de esgotos. Está prevista também a instalação de seis estações elevatórias de esgoto e a ampliação de três estações de tratamento de esgoto (ETEs) do sistema principal.
A primeira lição do projeto de despoluição do rio Tietê, é a importância do trabalho em parceria entre Sabesp e os municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Para conseguir bons resultados foi necessario investir no fortalecimento institucional da Sabesp para garantir um adequado gerenciamento e operação do projeto. Tambem tem sido de grande importancia envolver às indústrias que tem operações perto do rio para que participem do processo de despoluição. Finalmente, é importante tomar conhecimento sobre o grande preço para a Região Metropolitana e para a propria cidade de São Paulo que tem o descuido do rio por tantos anos e a falta de atenção por parte dos moradores, das industrias e dos dirigentes locais.
Crédito fotográfico: Mario Ângelo
Catalina Gomez, São Paulo Community Manager
The Tietê river is the State of São Paulo’s most important river. Its runs more than 1100 km and crosses almost the entire state from east to west. The river is particularly important to the city of São Paulo, as it marks its urban geography. Unfortunately, the river has been polluted for years due to the lack of care, especially from the São Paulo Metropolitan Region, which encompasses 37 municipalities and has around 20 million residents. The pollution of the river began in 1920 with the construction of various infrastructure projects in the city. Then, between the 1940s and 1970s, during the city’s expansion, the river started receiving industrial effluents and domestic sewage.
The river’s pollution is still one of the area’s greatest environmental problems: non-organic materials, like metals and chemical products from industrial processing, are discharged to the river. But the greatest contaminant of the Tietê nowadays is domestic sewage. That is why the efforts to salvage the river are focused on the expansion of basic sewage coverage for the population that lives near the river. And in recent years, improvements have been made: in 1990, only 24 percent of the sewage in São Paulo was treated; today there is coverage of 68 percent. In two decades, the highly contaminated area was reduced by more than 200 km, and the amount of water being treated increased from 4,5m3/s in 1992 to 13 m3/s in 2007, which is equivalent to treating the effluents of more than five million people.
But these significant improvements have come at a price. Since 1992, the Basic Sewerage Company from the State of São Paulo (Sabesp), which is the institution in charge of the implementation of the Tietê River Cleanup Program, has received more than US$1.2 billion in support from the Inter-American Development Bank (IDB) for the first three phases out of the project’s four stages. The third phase is currently under implementation and in addition to the IDB, the National Economic and Social Development Bank (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) has recently signed a loan contract with Sabesp of US$600 million.
The third phase of the cleanup program is expected to build around 420 km of collector mains and interceptors, and around 1251 km of wastewater collection networks. This phase also aims to build around 200 thousand household connections, and for the expansion of three main treatment plants and six smaller treatment plants.
One of the main lessons from the Tietê River Cleanup Program is the importance of the joint partnership between Sabesp and the municipalities of São Paulo’s Metropolitan Region. This has required important investments in Sabesp’s institutional capacity and its consolidation of corporate governance procedures and environmental management practices. Another lesson is the importance of involving the industries that are also polluting the river, so they can be part of its cleanup. Finally, it is important to understand the high price that the Metropolitan Region and the city of São Paulo itself are paying for failing to take adequate care of the Tietê river for so many decades.
Photo credit: Mario Ângelo