Catalina Gomez, Coordenadora da Rede em São Paulo
Segundo a Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, três por cento da população brasileira sofre de transtornos mentais severos que precisam cuidados contínuos e nove por cento da população apresenta transtornos leves que precisam de tratamentos eventuais.
Para atender o grande desafio da atenção à saúde mental, o governo brasileiro vem apresentando avanços importantes liderados pelo Ministério da Saúde. No tema regulatório, o ministério aprovou no ano 2001 a Politica Nacional de Saúde Mental que estabelece importantes orientações de política afastando-se das hospitalizações e dando prioridade aos serviços de terapia e reintegração social. Adicionalmente, a legislação orienta que os municípios são as unidades encarregadas de providenciar os serviços de saúde mental no seu território.
Demos uma olhada sobre como funciona a resposta municipal no cuidado da saúde mental numa cidade. São Paulo, por exemplo, é uma das cidades que tem sido líder neste tema; sua resposta à saúde mental é coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde. Aquela Secretaria tem adotado uma abordagem integral, compreendendo que a saúde mental faz parte fundamental da saúde em geral; seu diagnostico e tratamento deve estar acompanhado pelos diferentes serviços de saúde. Por exemplo, aqueles pacientes que tenham doenças mentais leves são referidos aos serviços de saúde básica para controle e monitoramento.
Para o tratamento de doenças mais severas, a Secretaria vem implantando os Centros de Atenção Psicossocial, conhecidos como CAPS, os quais são instituições que visam à substituição dos hospitais psiquiátricos focados no isolamento dos pacientes. Os CAPS oferecem serviços gratuitos mais humanos focados no cuidado, no tratamento e na interação social dos pacientes. Cada centro tem equipes conformados por psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, auxiliares de enfermagem e monitores.
Atualmente operam vários CAPS distribuídos pela cidade, incluindo 20 CAPS para adultos e mais outros 20 CAPS com foco na atenção de drogas e álcool, uma das doenças que estão preocupando mais às autoridades públicas. Também a cidade tem 13 CAPS para crianças e adolescentes com doenças mentais que precisam de tratamento terapêutico. Estes centros fomentam um trabalho junto com as famílias e tentam evitar ao máximo a internação dos pacientes para evitar seu isolamento.
Embora exista uma necessidade de ampliar estes serviços, a cidade tem avançado com o estabelecimento de serviços adequados. Para complementar estes esforços, a Secretaria Municipal de Saúde organiza atividades para indivíduos com doenças menores com objetivo de promover sua integração social. A Secretaria, conjuntamente com outros órgãos públicos e em parceria com organizações da sociedade civil, organizam caminhadas pela cidade, visitas a museus e atividades comunitárias para que os pacientes consigam interatuar, compartilhar experiências e ainda mais importante, consigam se sentir cidadãos ativos e valorados.
Foto: Secretaria Municipal de Saúde
Catalina Gomez, São Paulo Community Manager
According to Brazil’s National Coordination of Mental Health, Alcohol, and Other Drugs, three percent of the country’s population suffers from severe mental disorders that require continuous treatment, care, and support, and around nine percent of the population has mild mental disorders that require sporadic treatment.
To address mental health issues, the Brazilian government, through its Ministry of Health, has moved forward with key steps. On the regulatory side, the country approved the 2001 Mental Health Policy, which marked a strategic change of policy from a focus on hospitalization towards a greater emphasis on therapeutic care and social reintegration. Additionally, the legislation emphasizes that although mental health care is a shared responsibility within the various levels of government, municipalities should be the main implementors of care services.
Given that mental health care provision is considered a municipal responsibility, let’s take a look at what this implies at the city level — São Paulo has been one of the leading cities in this respect. Its response to mental health care is coordinated by the Municipal Secretariat of Health, which has adopted a comprehensive approach. This means that the city understands mental health as a fundamental part of overall health, and it therefore promotes its diagnosis and treatment in coordination with other health services, and never in isolation. This also means that individuals who present mild and temporary mental illness are referred to the basic health care system.
To address more severe mental illnesses, the Secretariat has put into place Psycho-Social Attention Centers, known as CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). These aim to replace the traditional psychiatric hospitals that used to isolate patients with more human interventions focused on care, support, and social interaction. The CAPS conduct proper diagnosis and offer free care and support services to people with different levels of mental illness. Each center has a specialized team assigned composed of psychiatrists, nurses, psychologists, occupational therapists, and social monitors.
Currently, São Paulo has several CAPS operating throughout the city, including 20 CAPS for adults and 20 additional CAPS that focus specifically on treating alcohol and drug abuse, which are some of the most pressing concerns from public authorities nowadays. In addition, there are 13 CAPS for children and adolescents with mental illnesses that require therapeutic treatment. The centers targeted to youth tend to avoid committing children to institutions in order to prevent their isolation from their families and communities. Their work focuses on promoting social integration and family involvement in their treatment.
Although there is an urgent need to expand these services, the Secretariat of Health has certainly moved forward in implementing an adequate service model. To complement these efforts, it organizes free activities targeted to individuals with mild mental illness in order to promote their integration within society and to avoid their exclusion and stigmatization. The Secretariat, along with other government institutions and in partnership with non-governmental organizations working in this field, organizes walks around the city, museum visits, and other social activities to help patients interact with other peers, share experiences, and crucially, feel like active and valuable citizens.
Photo credit: Secretaria Municipal de Saúde